Dogue Brasileiro por Pedro Dantas

"A linha de psiquiatria que abracei inclui ser psicoterapêuta, psicofarmacologista e clínico geral ao mesmo tempo. Isso inclui ser psicólogo de certa forma também. Só não estou habilitado para testes psicológicos de aptidão, de QI e outras coisinhas mais... Mas, posso descrever perfeitamente como é o dogue psicológicamente: É um cão de alta adequação ao adestramento. A maioria dos exemplares tem drive inicial de rapina alto e drive potencial de rapina ainda mais alto. Quanto ao drive de defesa, diria que até início da seleção era um cão com baixo drive inicial, mas com altíssimo drive potencial. Hoje, diria que o drive inicial de defesa já é alto, e o drive potencial mais alto ainda. No entanto, é um cão alta elasticidade no drive, o que o faz ser muito dono dependente, isto é, é o que o dono quer que ele seja, desde que o dono tenha mínima capacidade. Não precisa ser um adestrador, apenas saber mostrar o cão o que quer dele, e o dogue será como ele pede. Um mesmo cão pode vir a ser um cão sumário ou um protetor gentil. Depende como for formado na fase de seus imprintings. Tem agressividade baixíssima, permite injeções sem mordaça, permite que mexam na sua comida. É extremamente carinhoso e extremamente fiel. Diria para estudar as raças antes de adquirí-las. A escolha de uma raça pode ser uma escolha para a vida inteira se a pessoa se apaixona por ela. Mesmo sabendo que outra raça poderia ser melhor nisso ou naquilo, a tendência é das pessoas ficarem fiéis às suas raças, e essa é uma característica não de teimosia, mas de caráter do ser humano: fidelidade. "Eu fui fiel, enquanto deu ao bull terrier. Só que percebi que a criação do bull terrier estava tornando-se, dia a dia, mais decorativa. Ao invés de buscar outra raça, usei meus exemplares e mais outros e criei o dogue brasileiro. Houve algo de acidental nisso, mas o acidente não seria feliz se não fosse sintonizado com uma expectativa. Minha fidelidade, mais do que com o dogue ou com o bull terrier, é com o cão efetivo. Por isso, criei o dogue para ser um cão efetivo, um guarda avesso à decoratividade, aos shows, às demonstrações. Um cão para satisfazer às pessoas que são suas donas e não para mostrar ao mundo, para exportar, para fazer fama. Recusei há alguns meses convite para apresentar trabalho a ser remetido à FCI para reconhecimento do dogue por essa entidade. O que é de todo mundo não é de ninguém, e o dogue é nosso e queremos que fique só nosso. Não falo de nacionalidade, falo de pessoas efetivas. Lá fora, não teríamos como controlar isso. O dogue foi um cão criado para ser um guarda, protetor ou guardião, e nada mais. Outras raças tão boas quanto ele, talvez até mais selecionadas, cairam na tentação da fama, nas armadilhas do mundo... O mundo é do diabo. O mundo não faz as coisas melhorarem, ele as estraga. Pelo menos na cinofilia é o que se tem visto, em todas as raças... A FCI já está metendo o bedelho nas provas de cães, desconsiderou o mondioring... Está se intrometendo nos padrões do fila e do boerboel. Para se ter qualidade efetiva tem que estar fora da FCI. Mas, nem todos estão preocupados com isso. Por isso, não há como escolher cães para outras pessoas. Apenas como falar das qualidades dos cães que conhecemos. Abraços a todos. " O texto acima é de autoria do Sr. Pedro Dantas, idealizador do Dogue Brasileiro, Presidente do Bull Boxer Club - Clube oficial do Dogue Brasileiro, criador da raça e médico psiquiatra.